Dizem os índios que,
era uma vez, há
muito tempo atrás,
vivia um casal que
não conseguia ter
filhos.
Como eles queriam
muito uma
criancinha, rezaram
para que Tupã, o
deus supremo, lhes
fizesse a vontade.
Tupã olhou nos
corações do índio e
da índia e viu que
eles eram bons e
honestos. Assim,
resolveu atender o
desejo do casal e
lhes deu de presente
um menino.
O indiozinho cresceu
forte e bonito,
trazendo muitas
alegrias a seus pais
e à tribo. Porém, o
deus da escuridão,
chamado Jurupari ,
começou a ter inveja
do menino,
exatamente porque
ele trazia
felicidade e muita
paz a todos. A
inveja cresceu, até
que Jurupari
resolveu acabar com
aquilo de vez:
aproveitou um
momento de distração
da criança e,
transformando-se em
cobra, mordeu o
menino e matou-o com
seu veneno.
A tribo entrou em
grandes lamentações
e durante horas
seguidas as preces e
os gritos de
desespero se
espalharam pelas
florestas e águas
negras do Maué-açú.
Tupã atendeu as
lamentações e uma
voz, que não se sabe
de onde veio,
determinou:
- Tirem os olhos da
criança, plantem na
terra firme, reguem
com lágrimas e deles
nascerá a “planta da
vida”, aquela que
fortalecerá os
jovens e revigorará
os velhos, e que
muitos prazeres
trará ao teu povo.
Os pajés arrancaram
e plantaram os olhos
do curumim morto.
Durante quatro luas,
os guardas da
preciosa sementeira
velaram e regaram a
terra com lágrimas.
Uma nova planta
surgiu, travessa
como os curumins,
procurando subir às
árvores próximas, de
hastes escuras e
sulcadas como os
músculos dos
guerreiros. E quando
frutificou, seus
frutos de negro
azeviche, envolto no
arilo branco, e
embutido em duas
cápsulas
vermelho-vivas, eram
sem dúvida a
multiplicação
milagrosa dos olhos
do príncipe maué.
Ela realmente trouxe
o progresso da
tribo, pelo
abundante comércio
de seus grãos, e os
sábios confirmaram a
lenda – “fortalece
os fracos, conserva
os jovens,
rejuvenesce os
velhos”.
Fonte:
Folclore: Contos e
Lendas Brasileiras |