Oyá
recebeu, de Olorun, a missão de transformar
e renovar a natureza através do vento, que
ela sabe manipular. O vento nem sempre é tão
forte, mas, algumas vezes, forma-se uma
tormenta, que provoca muita destruição e
mudanças por onde passa, havendo uma
reciclagem natural. Normalmente, Oyá sopra a
brisa, que com sua doçura, espalha a
criação, fazendo voar as sementes, que irão
germinar na terra e fazer brotar uma nova
vida. Além disso, esse vento manso também é
responsável pelo processo de evaporação de
todas as águas da terra, atuando junto aos
rios e mares. Esse fenômeno é vital para a
renovação dos recursos naturais, que ao
provocar as chuvas, estarão fertilizando a
terra. Apesar de dominar o vento, Oyá
originou-se na água, assim como as outras
iyabas, que possuem o poder da procriação e
da fertilidade. Conhecida no Brasil como
Yansã, cujo nome advém de algumas formas
prováveis: Oyamésàn - nove Oyàs; usado como
um dos nomes de Oyà.

Lenda
Ogum foi caçar
na floresta, como fazia todos os dias. De
repente, um búfalo veio em sua direção
rápido como um relâmpago; notando algo de
diferente no animal, Ogum tratou de
segui-lo.
O búfalo parou
em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e
despiu sua pele, transformando-se numa linda
mulher. Era Iansã, coberta por belos panos
coloridos e braceletes de cobre. Iansã fez
da pele uma trouxa, colocou os chifres
dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo
em direção ao mercado, sem perceber que Ogum
tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ogum
se apoderou da trouxa, guardando-a em seu
celeiro. Depois foi a cidade, e passou a
seguir a mulher até que criou coragem e
começou a cortejá-la. Mas como toda mulher
bonita, ela recusou a corte.
Quando
anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua
surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à
cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar
com ele o que procurava. Em troca de seu
segredo (pois ele sabia que ela não era uma
mulher e sim animal ), Iansã foi obrigada a
se casar com ele; apesar disso, conseguiu
estabelecer certas regras de conduta, dentre
as quais proibi-lo de comentar o assunto com
qualquer pessoa.
Chegando em
casa, Ogum explicou para suas outras esposas
que Iansã iria morar com ele e que em
hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo
corria bem; enquanto Ogum saía para
trabalhar, Iansã passava o dia procurando
sua trouxa. Desse casamento nasceram nove
crianças, o que despertou ciúmes das outras
esposas, que eram estéreis.
Uma delas,
para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e
ele acabou relatando o mistério que envolvia
Iansã. Depois que Ogum dormiu as mulheres
foram insultá-la, dizendo que ela era um
animal e revelando que sua trouxa estava
escondida no celeiro.
Iansã
encontrou então sua pele e seus chifres.
Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima
de todos, poupando apenas seus filhos.
Decidiu voltar para a floresta, mas não
permitiu que os filhos a acompanhassem,
porque era um lugar perigoso. Deixou com
eles seus chifres e orientou-os para, em
caso de perigo bater as duas pontas com esse
sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E
por esse motivo que os chifres estão
presentes nos assentamentos de Iansã.
Características:
Cores e
Contas: Castanho Coral, Vermelho, Rosa.
Símbolo: Espada e Erusin.
Dia da Semana: Quarta-Feira.
Comidas: a manga espada, juntamente com
algumas flores, sempre na cor laranja e a
própria fruta
laranja, alem de uma vela vermelha e rosa
choque.
Saudação: Epahei Oyá !
Fonte: Verger, Pierre; Orixás, Deuses
Iorubás na África e no Novo Mundo;
Currupio, Salvador, 1997.
  
Imagem jpg
Wav: Maria Bethânia - Iansã
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